quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sugestões para preparação do teste 6 de Maio


Teste de 6 de Maio de 2010: sugestões para a sua preparação

Deverão reservar algum tempo de "trabalho autónomo", de acordo com as indicações da Declaração de Bolonha. A preparação deverá demorar cerca de 3 a 4 horas, se seguirem as indicações seguintes.

O teste irá consistir num comentário aos seguintes textos que contestam as teses da escola sócio-técnica:




"C) Avaliação Crítica da Abordagem Sócio-Técnica
Apesar de ser reconhecida como um avanço em termos da teoria organizacional e contribuição efetiva à melhoria de condições e qualidade de vida no trabalho, a abordagem sócio-técnica da organização vem sendo alvo de muitas críticas, no sentido de suas limitações e incoerências teóricas e empíricas, como as apresentadas por Garcia (1980); Palloix (1982); Pasmore (1982); Ortsman (1984); Demo (1985); Sorensen (1985); Motta (1986a); Storch (1987).
Na avaliação de Garcia (1980), as possíveis limitações da abordagem sócio-técnica estão relacionadas com algumas áreas problemáticas que poderiam conduzir à redução dos horizontes existenciais dos membros individuais da organização. Partindo do objetivo principal da abordagem sócio-técnica, a otimização conjunta, o autor alerta que para atingi-la, torna-se necessária a análise e modificação da estrutura das tarefas produtivas, o que conduz a uma redefinição dos papéis sociais a fim de neutralizar as variações fundamentais que, eventualmente, possam ocorrer na produção. Esta forma de conduzir a análise, implica em duas áreas problemáticas: a primeira, decorrente da própria natureza do processo tecnológico e, a segunda, da ambivalência dos processos grupais.
Tratando-se da primeira área problemática, verifica-se que a estrutura das tarefas passa a ser intencionalmente delineada de forma abrangente. A partir daí, em função do delineamento de cargos, é que se analisa a constituição dos grupos sociais. "Isto significa colocar sob controle fatores como proximidade física dos membros individuais, nível de habilidade profissional requerida, fluxo de informações, interdependência e amplitude das tarefas requeridas" (Garcia, 1980, p.75). Sabendo-se que esses fatores são altamente significativos para o surgimento e a manutenção dos processos grupais, pode-se inferir que há uma determinação intencional de utilizar os grupos sociais como amortecedores de conflitos e toda a espécie de pressão externa. Implícita nessa interpretação, constata-se uma preocupação com a harmonia, contida na teoria do equilíbrio da organização (Burrel e Morgan, 1979).
Não se observa, portanto, uma prática de ação - reflexão, nem processos de denúncia - proposta, com vista à transformação de uma realidade. A situação de conflito entre o capital e o trabalho e a questão da dominação é mascarada em pról da idéia de integração e cooperação: "tudo se passa como se não houvesse, de fato, dirigentes e dirigidos, mas apenas supersistemas, sistemas e subsistemas a serem integrados [e otimizados] (Motta, 1986a, p.88).
O que realmente ocorre, parece ser um paradoxo às propostas da AST: ao serem reestruturados os cargos e as tarefas, em função da inovação tecnológica, observa-se que o controle intrínseco da tecnologia sobre as ações individuais expande-se amplamente. Isto contribui para tornar a tecnologia um instrumento de maior controle da gerência sobre os trabalhadores (Garcia, 1980).
Com relação à segunda área problemática, a ambivalência, a que se refere Garcia, deve-se ao aspecto contraditório da atuação do grupo de trabalho como fator de socialização, aumento do nível cultural e participação de seus membros, mas ao mesmo tempo, como limitação a uma futura emancipação do indivíduo, além de interpor-se como mediação inautêntica entre ele e o interesse geral dos demais trabalhadores. Dessa forma, se o delineamento de cargos não considera a natureza política das tecnologias e o caráter ambivalente dos processos grupais, provavelmente originará uma redução na capacidade individual dos membros participantes para a interpretação de problemas existenciais mais amplos.
A forma como é conduzida a otimização conjunta pelos sócio-técnicos, que sugerem a busca de um 'ótimo', tratando-se de ambos os sub-sistemas, técnico e social, é suscetível à críticas. Pois, "ao adotarem um conceito matemático de otimização estabelecem algo impossível, ou seja, empreender um processo de otimização utilizando duas variáveis dependentes, com dois sistemas diferentes de valores: a produtividade (em termos da percepção monetária dos trabalhadores) e a satisfação no cargo" (Sorensen, 1985, p.146).
No entanto, é evidente, em todos os trabalhos desenvolvidos de acordo com a Abordagem Sócio-Técnica, que não são admitidas soluções que conduzam a uma redução de eficiência. (Emery e Thorsrud, 1976, Ortsman, 1984). Para Garcia (1980, p.75) a abordagem sócio-técnica, na busca de otimização conjunta, releva uma carência de "um modelo autodeterminado da ação humana", ou seja, os valores humanos, que são considerados, são aqueles relacionados com a situação de tarefas produtivas e aos papéis sociais a serem desempenhados.
Ao assumirem uma concepção mecanicista da tecnologia os sócio-técnicos relegam a avaliação social da tecnologia, restringindo a sua análise ao âmbito das tarefas e cargos e conduzindo-a de tal modo que o sistema técnico determina os graus de liberdade presentes no projeto de delineamento dos cargos. Essa ausência de concepção política e social da tecnologia "conduz a uma insensibilidade com relação às conseqüencias sociais da pesquisa e desenvolvimento da tecnologia" (Sorensen, 1985, p.149), como também aos problemas de distribuição do poder e de controle social (Garcia, 1980).
Quando a AST assegura que a tecnologia oferece possibilidades inerentes para novas e mais saudáveis formas de organização do trabalho, é muito vaga ao descrever sob quais condições sociais as novas tecnologias podem apresentar os resultados desejados.
As críticas, com relação ao embasamento teórico da abordagem sócio-técnica e suas incoerências lógico-conceituais, não são menos severas para Sorensen (1985), quando avalia as falhas decorrentes da utilização da teoria dos sistemas abertos para descrever as organizações. Segundo o autor, em primeiro lugar, a abertura dessa teoria é mais pragmática do que real. Na prática, a AST negligencia muitas influências externas sobre a organização do trabalho, como por exemplo, o ambiente político da comunidade adjacente, histórico de vida dos trabalhadores, as flutuações econômicas e políticas da sociedade em geral, ou seja, "a Teoria dos Sistemas Abertos é bastante fechada para sensibilizar-se com questões transistêmicas" (ibid., p.148). Além do que, contrariamente à abertura teórica propalada, a AST procura explicar o sucesso ou o fracasso do empreendimento, sempre através de situações internas, a nível de chão de fábrica, desconsiderando as causas externas.
Em segundo lugar, para o mesmo autor, a concepção sócio-técnica de 'ordem social' de uma organização é simplista demais, insuficiente para uma verdadeira interpretação da organização de modo geral, tendendo a relegar o aspecto político e cultural da organização ao se concentrar demasiadamente nas tarefas, papéis de trabalho, necessidades psicológicas do cargo.
Desse modo, tornou-se difícil comprovar, praticamente, através dos experimentos do IDP, a declarada conexão entre participação sócio-técnica e democratização através de representação dos trabalhadores (Emery e Thorsrud, 1976). Provavelmente, isto é conseqüência da compreensão sócio-técnica da participação dos trabalhadores como fundamentalmete integrativa e não conflitual. Por isto o papel representado pelos coletivos informais de influência dos trabalhadores e sindicatos, não foi enfatizado. Justo estes sistemas de representação que historicamente têm sido o principal canal de participação de trabalhadores nas decisões.
Refletindo sobre o conceito restrito de participação sócio-técnica, Storch (1987) observa que se limita à situação imediata de trabalho, não prevendo um escopo mais amplo de participação política, no que se refere às decisões estratégicas da empresa. Aliás, a ausência de atenção às relações políticas que acontecem em uma organização é uma das falhas mais graves da abordagem sócio-técnica, pois dificulta o estudo da dinâmica interna das negociações formais e informais, da resistência dos trabalhadores e da participação formal.
Para concluir a avaliação crítica da abordagem sócio-técnica, é interessante refletir sobre o modelo de ciência em que se assentam os princípios dessa abordagem. Pela forma como são enfocadas as questões da tecnologia, da organização e dos comportamentos individuais e grupais é bastante perceptível a influência de pressupostos positivistas (Garcia, 1980; Sorensen, 1985). Além do que, ao estabelecer, como um dos seus referenciais básicos de análise, a teoria dos sistemas abertos, a abordagem sócio-técnica sofre influência do pragmatismo da sociologia norte-americana, em particular, quando se trata da problemática do aperfeiçoamento dos sistemas (Motta, 1980). Esse aperfeiçoamento constante, pode originar um dirigismo, expresso nas estratégias de controle social, que visam identificar os conflitos organizacionais com o objetivo de canalizá-los para a eficiência do sistema.
Nesse sentido, Palloix (1982), um dos críticos mais contundentes da AST, a avalia negativamente, por considerá-la como mais uma estratégia gerencial para impôr um controle global do processo de trabalho, através de uma relativa autonomia concedida ao trabalhador, somente sobre as suas tarefas imediatas. Porém, ao contrário das abordagens mecanicista e de relações humanas/comportamentalista, alguns críticos reconhecem que "há no entanto, no caso do modelo sócio-técnico, algo que foge um pouco à questão da manipulação eficientista, na medida em que se sugere, timidamente, vantagens da organização lateral" (Motta, 1986a, p.90). Reconhecem, também, que representou um avanço em termos do entendimento da atuação operária nos locais de trabalho, abrindo perspectivas de participação dos trabalhadores e contribuindo para uma melhor compreensão das relações existentes entre tecnologia e organização do trabalho."

Segundo texto:

"4. Súmula conclusiva e análise crítica à abordagem sócio-técnica
As organizações são entendidas como sistemas sociais assentes na interdependência e na
interacção entre os seus subsistemas estruturais e funcionais, nomeadamente na execução de tarefas, no processo de tomada de decisão e na organização do trabalho.
Na abordagem sócio-técnica, para uma mesma tecnologia, é possível estruturar uma organização do trabalho baseada nas decisões e participação do trabalho em grupo. É o grupo, através do seu funcionamento interno, que coordena e controla a execução das tarefas, não existindo uma supervisão externa. As relações entre os diferentes trabalhadores passam a ser dominadas pela cooperação e solidariedade, fomentando a coesão e a integração sociais, imprescindíveis para a consecução dos objectivos do grupo e da organização.
Outro pressuposto norteador da corrente sócio-técnica está em defender que o trabalho enquanto acção humana e social relacionada com qualquer tecnologia, atinge uma maior eficiência em grupo do que circunscrito a uma função polarizada do trabalho individual centrada na especialização e na competição entre os diferentes indivíduos que executam uma determinada tarefa.
Os diferentes estudos de intervenção da corrente sócio-técnica nas empresas da Noruega, Grã-Bretanha, índia, Suécia demonstram várias virtualidades nas novas formas de organização do trabalho adoptadas após as décadas de 1940-1950:
a) sendo os trabalhadores a decidir e participar na organização do trabalho, a sua criatividade e responsabilidade de execução das tarefas aumentam substancialmente;
b) aumentando a motivação e a identidade em relação ao trabalho, desenvolve-se a coesão
social e a eficiência nas empresas;
c) uma mudança organizacional positiva exige um diálogo profundo e sistemático entre
investigadores e organização, por forma a permitir uma intervenção baseada na pesquisa-acção, que tem por intenção não só realizar diagnósticos aprofundados ao problemas que afectam o funcionamento interno da empresa como também permitir a sua superação através de condutas humanas assentes em relações interpessoais dialógicas e democráticas.
Numa perspectiva geral das correntes do pensamento em gestão, a abordagem sócio-técnica, impulsionada pelo Tavistock Institute, mais do que a criação de formas inteiramente novas de organização do trabalho deve ser vista como parte de uma metodologia capaz de repensar a organização do trabalho na empresa paralelamente ao modelo da Organização Científica do Trabalho pois, num ambiente económico global e competitivo, torna-se imperioso não equacionar um único caminho em matéria de organização do trabalho e gestão de empresas.
Segundo o modelo conceptual da abordagem sócio-técnica constatamos que era sua intenção dinamizar a aprendizagem, a participação activa dos diferentes actores na empresa (desde a direcção aos trabalhadores) e o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade dos colaboradores com o objectivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida no trabalho bem como da performance sócio-económica da empresa.
Neste sentido, a abordagem sócio-técnica revela-se muito actual, nomeadamente no contexto empresarial português onde, para a análise e melhoria da produtividade, teremos que ter em conta não apenas variáveis ligadas ao capital físico, tecnológico e humano da empresa mas também incluir o desenho organizacional da empresa e a maneira como ela organiza o trabalho, preocupações estas preconizadas pela primeira vez pelos autores da abordagem sócio-técnica na teoria das organizações.
Contudo, hoje continuamos a verificar que a maioria das empresas nacionais ainda segue uma linha muito mais tecnológica do que humana, o que pode ser explicado pela falta de recursos humanos qualificados e acentuado défice de participação do pessoal nas mudanças técnicas, tecnológicas e organizacionais introduzidas nas e pelas empresas. Portugal revela ainda uma cultura empresarial fortemente enraizada nos princípios tecnocratas e burocráticos da Organização Científica do Trabalho, valorizando o lucro em detrimento do desenvolvimento do seu capital intelectual. As empresas tendem a inovar, na maior parte dos casos, ao nível dos processos tecnológicos e só muito raramente essa inovação é ao nível sócio-organizacional, o que pode explicar o insucesso empresarial e produtivo da nossa realidade económica actual. Este pressuposto leva-nos a concluir da necessidade de colocar ao mesmo nível quer a inovação tecnológica quer a inovação organizacional e social da empresa como dois pólos igualmente importantes para melhoria da viabilidade e competitividade empresarial.
Se tomarmos como exemplo o caso japonês, constatamos que eles, ao contrário das empresas portuguesas, explicam o seu sucesso organizacional mais pela eficácia na gestão de pessoas, na motivação de comportamentos e na gestão de uma cultura organizacional congruente com o meio ambiente do que na eficácia dos equipamentos tecnológicos. Investiram, nos últimos anos, sobretudo no enriquecimento do conteúdo de trabalho, na iniciativa, responsabilidade e autonomia funcionais bem como em modelos de gestão assentes na polivalência e empowerment para fazer face aos desafios colocados pela evolução do meio em que operam.
Ainda que a abordagem sócio-técnica assentasse em ideias inteiramente novas e diferentes face ao paradigma taylorista elas foram alvo de forte oposição por parte das organizações
contemporâneas, uma vez que ameaçavam as estruturas de poder. Contudo também se reconhece a sua influência nas mudanças trazidas ao nível dos valores sociais e seus efeitos nas organizações e indivíduos, nomeadamente na alteração da sua performance produtiva, nas oportunidades de aprendizagem, na variedade funcional, no apoio organizacional e no maior poder de decisão e responsabilidade, capazes de incentivar a flexibilidade e a aquisição de novas competências tornando as empresas mais competitivas e facilitando a sua constante adaptabilidade às variações do meio envolvente, muito características da sociedade económica actual".






Fases do trabalho:

1. Deverão fazer um resumo destes dois textos.

2. Resumos das aulas no que se refere à Escola sócio-técnica centrando-se no que a  separa da escola das relações humanas e da visão de Taylor


8 de Abril de 2010
Tema: da metáfora mecanicista de Taylor aos grupos sócio-técnicos. A escola sócio-técnica e os grupos semi-autónomos. 
Ver aqui resumo da aula:
http://neves.do.sapo.pt/AulaOrgTrab10Abr07.pdf


Ver também o texto sobre a escola sócio-técnica que está na Copyfilm: Mudar o trabalho.

Fazer também pequenos resumos das aulas sobre Taylor e as Relações Humanas:

Aulas de 18 e 25 de Março de 2010

http://neves.paginas.sapo.pt/org_trab09_10/Aula.OrgTrab18_25Mar10FINAL.pdf






4. Fazer uma comparação entre o que dizem as duas críticas.


5. Fazer, no dia do teste, um pequeno ensaio de, no máximo, 2 páginas respondendo a uma pergunta baseada nos textos anteriores e nas aulas.

Textos de apoio apenas para leitura

Serão colocados amanhã, no blog, alguns textos de apoio apenas para leitura.

As melhoras respostas serão colocadas, mais tarde, no blog desde que me disponibilizem uma versão, em Word.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um comentário ao filme de um sociólogo italiano - Domenico de Masi

"É verdade que os computadores, as máquinas foto-copiadoras e de fax são inovações. Porém, modificam somente aquilo que o empregado faz dentro da emprese, não a sua vida fora dela. Agora, com a Internet, tudo pode ser modificado, Infelizmente, disso deriva uma dupla resistência: tanto da empresa paquidérmica como do empregado que se habitua. Você assistiu ao filme com Tim Robbins, Um Sonho de Liberdade? Conta, entre outras coisas, a história de um prisioneiro a quem, depois de passar dezenas de anos na prisão, é concedida a liberdade: no dia em que deixa o cárcere, ele se enforca. Em cinqüenta anos tinha consolidado seu equilíbrio, e sair livre no mundo o assustava mortalmente. Uma pessoa que passa a vida toda, todos os dias, dez horas, no trabalho acaba por sentir-se indispensável aos propósitos da organização. Se dispõe de tempo para si, não sabe como usá-lo. Necessita, portanto, de uma reeducação para o tempo livre. Na sociedade pós-industrial, as formas de conflito continuam a ser as clássicas ou mudam? Já mudaram. Atualmente as agregações se dão mais sob forma de movimentos do que de instituições, como partidos ou sindicatos. A cada ocasião decidimos nos aliar a quem nos convém mais. Há tempos, pelo contrário, nos amarrávamos, da cabeça aos pés, Permanecendo toda a vida ligados a uma das partes em luta. Que, aliás, era a luta? de classes.
As agregações atuais são fluidas, móveis e centrados em objetivos e interesses específicos e transitórios. Têm maior ou menor força e quorum, dependendo de o interesse em jogo representar o de muitos ou de poucos".

Domenico de Masi, O Ócio Criativo





Aula de 22 de Abril de 2010 - pedido aos alunos

Solicito que os alunos enviem o seu endereço electrónico para o meu e-mail: jpneves2007@gmail.com 


Serão adicionados como colaboradores no blog de forma a poderem colocar os vossos textos directamente.

Aula sobre as questões do poder nas organizações: filme "Condenados de Shawshank"

Como introdução a este tema do programa (3.4. A visão centrada nas questões do Poder: o estudo do fenómeno burocrático em França por Michel Crozier), será apresentado o filme "Condenados de Shawshank". No final, será solicitado aos alunos um pequeno texto que mostre como as questões do poder organizacional são tratadas no filme.


título: Condenados de Shawshank
titulo original: The Shawshank Redemption
lançamento: 1994 (EUA)
direcção: Frank Darabont
actores: Tim Robbins , Morgan Freeman , Bob Gunton ,William Sadler , Gil Bellows
duração: 142 min
gênero: Drama




Um comentário ao filme encontrado na internet:


"Um poster de uma atriz na parede é a única esperança de redenção para um inocente na prisão. É assim que eu resumo, numa oração. Filme que soaria bem melhor com seu título original (algo como Rendenção em Shawshank). É uma fábula sobre perseverança, coragem e lealdade num dos lugares onde isso seria menos provavel de se encontrarem: uma prisão. 
Shawshank é uma daquelas duras e feias casas de denteção norte-americana, com seus directores corruptos, seus policiais violentos, seu ambiente decadente beirando a selvageria, enfim, aquele ambiente acolhedor que já deu origem há tantos filmes e até séries de televisão. Mas apesar desta ser uma pelicula baseada num conto de Stephen King, não é uma história de terror: é uma fábula sobre a esperança. Se o horror existe ele é psicológico. Está na destruição no humano e sonhador dentro de cada homem. 


Quando Andy Dusfrane (Tim Robbins) chega a prisão, logo lhe dizem para não ter esperança no fim do túnel. Mas se não há tunel para se ver uma luz no fim, então construa um túnel! Como um bom geólogo, Andy sabe que tudo só precisa de tempo e de pressão até ceder. Mas quem irá ceder antes? As paredes da prisão ou o próprio Dusfrane? Podem aprisionar o corpo de um homem, mas não seu espírito. Para resistir as torturas e sadismos físicos e psicológicos, Andy passa a trazer um pouco de seu mundo dentro da cadeia. 


Num lugar onde a vida não vale nada, é na amizade de seus companheiros de sela que ele pode dar um mínimo de alento na convivencia forçada de cada um deles. De início de forma tímida, logo após mais competentemente, auxiliado por seu amigo Reed (Morgan Freeman, numa interpretação que deveria ter lhe valido o oscar), Andy toma as rédeas da situação e começa a melhorar não só suas condições mas também as de seus companheiros, mesmo não que de forma definitiva, mesmo ilusória, mas cria aí um ambiente de "civilização", tal como um Robson Crusóe perdido numa ilha deserta de justiça, mas não de compaixão e solidariedade. 


E não é nos homens da lei que encontra esses ultimos valores, mas naqueles homens faltosos com a ordem vigente, com aqueles proscritos que também forma banidos do convivio social. Formam todos uma irmandade, compartilham todos um laço mútuo e Andy compreende: "Em Shawshank ninguém é inocente". 


Duas cenas que vale aqui ilustrar e que me marcaram para eleger esse como um dos meus filmes preferidos: quando Andy é preso por colocar uma ópera de Mozart nos autofalantes da prisão, sendo depois enclausurado na solitária por uma semana, ele sai do castigo com um sorriso no lábio e em perfeito estado de saúde mental: "Eu não estava sozinho, explica ele. Estava com Mozart". A segunda, e mais marcante, quando o corrupto diretor de Shawshank rasga o poster de Rita Hayworth da parede da cela de Dusfrane e descobre por onde ele fugiu. Rita, sua luz no fim do tunel. Rita, que apontava o caminho de sua redenção. 


O que segue é uma espetacular cadeia de acontecimentos que mostram o quanto a determinação de um ser humano podem fazer em 18 anos de confinamento. Um final mais do que apropriado não só para os personagens, mas de toda película, culminando numa belissima imagem de por de sol, figurando como uma "redenção". 


Foi com esse filme que Tim Robins se confirmou, ainda que Hollywood e a crítica especializada não lhe façam justiça, como um dos meus actores favoritos. Selectivo na escolha de papéis, são os temas humanos e em favor dos direitos civis os que mais chamam a atenção do ator. Mas, mais do que senso social, Robbins tem talento de sobra não somente para discursar ou denunciar, mas sobretudo para colocar, em simples expressões, laivos de esperança e de coragem do ser humano, assim como conferiu a Andy Dusfrane. E está dito o necessário." 


Nano Sousa, 12 de Janeiro de 2001


[texto adaptado]


in: http://www.adorocinema.com/filmes/sonho-de-liberdade


O filme pode ser analisado a partir de diferentes visões sociológicas. Nas aulas, iremos discutir a aplicação de duas teorias: a teoria pluralista do poder (M. Crozier) e a teoria da socialização organizacional de R. Sainsaulieu). 


Ver também aqui um texto, que será objecto de uma análise, que relaciona o filme com as teorias de Durkheim (e indirectamente de K. Marx):


http://liusena.wordpress.com/2006/09/07/relacoes-entre-um-sonho-de-liberdade-e-teorias-da-sociologia/

Resumo correcto do texto de Jung


Resumo do texto extraído de uma conferência do psicanalista Carl Gustav Jung no Instituto Tavistock em 1935. Mostra a importância de uma psicologia com implicações sociais e da psicanálise na Escola Sócio-técnica.


Primeira Conferência
(JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 2001, volume XVIII/1)



.....

Um resumo pode ser seguido de "impressões a quente" e de uma primeira avaliação organizada e função de 3 perguntas: 


1 - O tema do texto é pertinente? Serve para quê?
2 - É confuso?
3 - Tem algo de novo? Acrescenta algo que eu nunca tinha reparado?


1.º- Neste texto o autor pretende explicitar, por um lado, os conceitos de análise do inconsciente e, por outro, os métodos de investigação.


2º - Perante a dimensão desconhecida e ampla do inconsciente, a parte consciente tem um papel reduzido. 


3º - O consciente é, em grande medida eaté certo ponto, limitado. Porque é impossível à nossa parte consciente captar a totalidade da experiência no "continuo" do quotidiano. Sendo assim o autor considera que se deve partir do inconsciente para o consciente porque a consciência é no limite algo de artificial.


4º - Segundo a opinião dos Índios, os Americanos pensam erradamente com a cabeça. Segundo Jung, os Índios tem razão porque os nossos pensamentos derivam em grande parte " da consciência da intensidade dos sentimentos".


5º - Actualmente os intelectuais têm medo que a sua consciência seja influenciada pelos sentimentos e por isso não sabem lidar com eles, são mais arcaicos que o homem dito selvagem.


6º - Desta forma "estar louco" ou afirmar que alguém está "louco" é relativo, pois sendo um conceito social varia em função das restrições e convenções de cada sociedade.  

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Aula de 15 de Abril de 2010

Texto de apoio para a aula (foi discutido nas aulas). Uma conferência do psicanalista Carl Gustav Jung no Instituto Tavistock em 1935. Mostra a importância de uma psicologia com implicações sociais e da psicanálise na Escola Sócio-técnica.





Primeira Conferência
(JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 2001, volume XVIII/1)

Teste foi adiado para 6 de Maio de 2010

1. O teste foi adiado para o dia 6 de Maio de 2010, 5ªa feira, das 13.30 às 15.30h  na sala 3.201. 


2. Colocarei, nas próximas semanas no blog, indicações para a preparação do teste que irão implicar cerca de 3 a 4 horas de trabalho individual (TI). Essas indicações devem ser seguidas à letra e, na medida do possível, de uma forma rigorosa de forma a assegurar o vosso sucesso na avaliação.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mini-teste - 29 de Abril de 2010

O teste será no dia 29 de Abril das 13.30-15.30 h na sala de aulas.


Serão colocados no blog, em breve, indicações para a sua preparação e acerca do seu conteúdo.

Programa e formas de avaliação

Ver aqui:


http://neves.paginas.sapo.pt/org_trab09_10/ProgOrgTrabalho2009_10v01FINAL.pdf

Aula de 8 de Abril de 2010 - da metáfora mecanicista de Taylor aos grupos sócio-técnicos.

Universidade do Minho
Org. Trabalho 1º ano sociologia (1º ciclo)
8 de Abril de 2010
Tema: da metáfora mecanicista de Taylor aos grupos sócio-técnicos. A escola sócio-técnica e os grupos semi-autónomos

Ver aqui resumo da aula:


http://neves.do.sapo.pt/AulaOrgTrab10Abr07.pdf


Bibliografia fundamental:



ORSTMAN, O. (1984), Mudar o Trabalho – As experiências, os métodos, as condições de experimentação social, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 138 – 213 e 245 – 323.


Bibliografia adicional:





RAVICHANDRAN, T., RAI, Arun. Quality Management in Systems Development: An Organizational System Perspective. MIS Quarterly, v. 24, n. 3. Minneapolis, MN, USA: Carlson School of Management, University of Minnesota, Sep 2000.
SHARMA, Ravi S., CONRATH, David W. Evaluating Expert Systems: The Sociotechnical Dimensions of Quality. Expert Systems, v. 9, n. 3, Aug 1992, pp. 125-137.
TRIST, Eric, MURRAY, Hugh. The Social Engagement of Social Science: The Socio-Technical Perspective. USA: University of Pennsylvania Press, 1993, 695 p.
WOOD JR., Thomaz. Fordismo, Toyotismo e Volvismo: Os Caminhos da Indústria em Busca do Tempo Perdido. Revista de Administração de Empresas (RAE), v. 32, n. 4. São Paulo, SP, Brasil: Set-Out 1992, pp. 6-18.



Ver vídeo no youtube sobre o Instituto Tavistock:


http://www.youtube.com/watch?v=9OF9Sv-bhZE&feature=related

domingo, 4 de abril de 2010

Debates nas aulas práticas em Fevereiro e Março de 2010

Universidade do Minho
Curso de Sociologia – 1º ciclo
UC Organizações de Trabalho

Fevereiro/Março de 2010

Foram propostas, pelo docente, duas questões a serem debatidas por pequenos grupos em duas aulas. No fim, os alunos apresentaram e confrontaram as suas respostas. Ver, em seguida, um resumo das contribuições dos alunos enviadas por mail (para jpneves2007@gmail.com). Numa segunda parte, apresentarei alguns resumos de um texto de Antonio Negri discutido nas aulas práticas.

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1º Debate

O que é uma organização ideal?


Organização ideal

 “Este conceito remete para uma direcção pretensiosa, levando em conta o carácter de impossibilidade da efectividade de uma organização ideal.
  É necessário fixar os diferentes pontos de vista para uma definição do tema, ou seja, esta questão remete para uma dimensão subjectiva, tendo em conta que existem diferentes papéis sociais que acarretam diferentes pertenças e expectativas, assim organização ideal não é efectivamente o mesmo para o proprietário dos meios de produção do que para o simples funcionário, assim existem pontos de vista diferentes mas da mesma forma existem alguns em comum.
  Desta forma vamos partir dos pontos em comum para definir uma organização ideal. Os indivíduos devem identificar as normas e valores institucionalizados formal e/ou informalmente na instituição permitindo coesão, previsibilidade e identificação. Para tal, é crucial que os diferentes papéis sejam respeitados, delineados e explícitos de forma a tornar tangível uma estrutura hierárquica que funcione como fio condutor. Embora a estrutura da organização tenha que ter algum carácter de rigidez quanto ao comprimento dos diferentes papéis, também a organização deve deixar fluir o espírito crítico e mesmo os chamados brain storming que possibilita a criação, inovação e a subsistência da organização face à mudança, assim como à realização do indivíduo.
 Nádia Dias nº 58283, pela Ana Filipa Peixoto nº 58245 e pelo Carlos Vale nº 58287 (o trabalho foi feito em grupo durante a aula mas que devido ao tempo não tivemos oportunidade de o apresentar na mesma).
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2º Debate nas aulas de Organizações de Trabalho

Questão: como se pode definir o conceito sociológico de “organização”?
(foi sugerido pelo docente a apresentação de uma forma de definir todas as organizações)

O que é uma organização?
 “O que é uma organização?! É um termo um pouco difícil de definir. Cada vez mais há um número cada vez maior e mais diversificado de diferentes organizações, mas todas elas com aspectos comuns. Aspectos esses, que caracterizam e definem o que são organizações. Chegar a um consenso sobre o termo “organizações” é difícil, o que efectivamente se sabe é que apesar de tudo, elas existem nos nossos dias.

O termo desenvolve-se na biologia, e remeto-nos para a ideia de que os seres vivos estão organizados no espaço físico, e que constituem um todo sistematizado e coeso. Pode-se afirmar que os animais estão estruturados e hierarquizados em escalas próprias que os estruturam e que regulam a sua actividade dentro do espaço no qual se inserem. Há semelhança do que acontece com os seres humanos, também os animais tem um líder, uma regulamentação (regras, escalas, formas de viver e conviver.), e há ainda a existência de tarefas divididas com finalidade a obter um produto final pretendido e pertinente. São estas as características tanto comuns ao mundo animal, como ao mundo dos seres humanos que caracterizam o termo organizações. Organização refere-se ao modo como hoje em dia todo está estruturado, organizado e ligado entre si.

Podemos ainda distinguir dois tipos de organizações. As organizações humanas e as organizações económicas. No primeiro caso refere-se ao modo como os seres humanos estão organizados entre si, à forma como estruturam e regulam entre si tarefas e regras. No segundo caso, refere-se ao termo organizações económicas que nos remete para a forma como dentro das empresas as pessoas ocupam o seu respectivo lugar, cada um com a sua posição específica com vista a um objectivo comum. A produção, o poder e o sucesso.”

Enviado por  Vera Moreira - Aluna nº 58260

O que é uma organização?
         “Uma definição possível, ainda que simplista, seria de que uma organização parte do pressuposto da coordenação de um conjunto de seres humanos que participam e interagem de forma directa ou indirecta em função de um objectivo comum. As organizações estruturam-se hierarquicamente consoante as funções a desempenhar pelas partes que a constituem, contribuindo para um melhor desempenho. Contudo podemos atribuir esta definição não só aos seres humanos como também aos animais, ou a outro qualquer tipo de grupos. Ou seja uma banda de música preenche estes requisitos e não são propriamente uma organização. Quanto aos animais também estes têm a capacidade de se organizar de forma semelhante todavia a comunicação / o signo linguístico, e a complexidade que os seres humanos têm e conseguem aplicar revela ser uma barreira que os distingue.

        Pode-se então pensar uma organização como algo institucionalizado com regras devidamente formalizadas, que reúne intencionalmente pessoas e tecnologia para servir um propósito. Esta visão remete-nos para uma noção mecanicista e determinista. É portanto importante perceber e talvez ter uma análise crítica do que é servir um propósito numa organização. Max Weber afirma que não é um fenómeno natural, o que nos induz a pensar que também constitui um meio, para os indivíduos não só atingirem objectivos da organização em questão mas também objectivos individuais.

       Em suma será possível responder a tal questão de forma objectiva e directa? Existe uma definição exacta de organização? Existem certamente teorias que tentam definir tal conceito, teorias essas que divergem em alguns aspectos e convergem noutros. Mas, o que realmente se torna evidente quanto à definição das organizações são exactamente os processos organizativos pois estes revelam uma forma seja ela tangível ou intangível. Quanto à organização propriamente dita, o último Nobel da economia referiu que o melhor argumento para definir as organizações é o facto de elas existirem”.

Israel Guimarães 59431 Nobel
Rui Cabral 58247
Nuno Fernandes 56553
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O que é uma organização?
Uma organização é um conjunto de pessoas que realizam tarefas de forma coordenada com vista a atingir determinados objectivos.

Os objectivos de uma organização empresarial são os seguintes: lucro, satisfação dos clientes e colaboradores. Todavia, estes dois últimos aspectos estão mais relacionados com o conceito de organização ideal.

Os objectivos das organizações não empresariais, como por exemplo: associações sindicais, hospitais, escolas, entre outros, são diferentes dos objectivos das organizações empresariais. Estas estão mais viradas para a vertente económica. No entanto, têm em comum a satisfação das necessidades e defesa dos interesses de um grupo de pessoas.

Beatriz Gonçalves, Emília Flambo e Fernanda Correia (Alunas do 1º ano de Sociologia na Universidade do Minho)

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Definição de organização
As organizações diferem umas das outras, através de diferentes processos organizacionais; a título de exemplo, a organização de uma empresa difere da de escola. E é óbvio que para existir a necessidade de organização é também necessária a interacção entre indivíduos, e a partir da relação entre as pessoas vai ser necessário criar divisões (por exemplo: numa empresa divide-se os indivíduos em grupo, conforme as suas qualificações), e dessas divisões advêm a diferenciação entre classes, criando uma hierarquia (classe de poder - os donos da empresa, os accionistas, etc.,e a partir daí cria-se uma "hierarquia descendente").

  Para haver organização é também necessário um conjunto de regras, normas, quer estejam institucionalizadas ou não, de forma a haver um bom funcionamento, quer seja numa empresa ou numa sociedade, pois apesar de não ser totalmente óbvio, vivemos com base em regras e normas desde a nossa infância, e estas garantem (não de forma completa) o convívio entre indivíduos.

  Uma organização funciona através de um sistema; uma forma de planeamento, e a melhor maneira de conceptualiza-la é optando por um "método mecânico", tal como Taylor fez.

  É também necessário ter em conta o carácter tangível e intangível de uma organização, pois apesar de poder haver um aspecto físico, não é esse o mais "importante" no âmbito de uma organização, mas sim a composição da organização que não se pode "tocar"”.
 Ana Filipa Peixoto, Carlos Vale, Nádia Dias

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O que é uma organização?
Uma organização é um grupo de pessoas, cuja estrutura está disposta de uma forma hierarquizada, e que, através de métodos de trabalho, tem em comum um objectivo profissional, ou não, cooperando entre si de forma a desempenhar a sua função na sociedade.
Alunos: João Ribeiro: 57326; Marco Pacheco: 58274; Nuno Nogueira: 58295

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" No mundo moderno ocidental o indivíduo passa a maior parte do tempo em que está acordado em organizações e ambientes institucionais."Daniel Katz e Robert Kahn in Psicologia das Organizações
Muito sumariamente, as organizações apresentam-se como conjuntos humanos, formalizados e hierarquizados, destinados a alcançar determinados fins. Distinguem-se no entanto, em função do seu objectivo, e de outras variáveis tais como: " dimensão", " tecnologia ", " clientes ", " utentes ", etc.
Se por um lado são estruturadas para atingir determinado objectivo, por outro lado estão em reestruturação contínua, consequência das dinâmicas no seu meio envolvente. Uma organização não é estável, na medida em que é um " organismo vivo " está em constante mudança.
Sendo a organização um " sistema aberto ", recebe continuamente estímulos do exterior, aos quais procura responder. E porque os " actores sociais " fazem parte integrante deste sistema transferem para ela os seus valores, normas, motivações e, é neste sentido, que a organização só se pode compreender dentro do meio social, cultural, económico e político em que se integram os " actores sociais ".

Uma definição concreta de " organização " parece-me tarefa impossível, pois variadas são as abordagens e correntes teóricas sobre o conceito/tema, " as organizações são geralmente complexas, ambíguas e repletas de paradoxos ", Cecília W. Bergamini e Roberto Coda.

Fernanda Correia (Nº56729)
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Definição de Organização
     “O termo organização teve origem na Biologia, visto que os seres vivos estão organizados no mundo físico. Os diversos seres vivos estão incluídos numa determinada categoria organizada e sistematizada. Por exemplo, os herbívoros ou os carnívoros são duas organizações diferentes, cada uma delas com as suas próprias características, bem como, constituídas por seres vivos que são um “traço” dessa mesma organização.

     Por outro lado, o conceito de organização remete para pensar numa estrutura de trabalho que se encontra organizada. Assim, organização refere-se a um conjunto de pessoas que estabelecem entre si relações de produção e de poder; e no mundo do trabalho, por exemplo, numa empresa – cada pessoa ocupa o seu respectivo lugar, tendo a sua posição específica, tentando manter uma relação positiva e estável para que o trabalho seja de boa qualidade.

     Organização também define-se como um conjunto de duas ou mais pessoas que realizam tarefas, bem como, um meio que tem como finalidade pôr ordem nas empresas, sendo ainda uma combinação de esforços individuais que têm como objectivo realizar propósitos colectivos, de forma coordenada e controlada, actuando num determinado contexto ou ambiente. Em suma, quando todos trabalham de forma organizada e sistematizada é obtido um produto final com sucesso, sendo que esta é um todo”.

     Mónica Ribeiro nº 58286 1º Ano de Sociologia

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Resumos de um texto de Antonio Negri

Antonio Negri, "DIREITA E ESQUERDA NA ERA PÓS-FORDISTA: MUDANÇAS NA ESFERA DA PRODUÇÃO LEVAM A NOVAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E ATUAÇÃO POLÍTICAS",
in Folha de São Paulo, 29de Junho de 1997, Disponível em:



“As redes sociais são uma das formas de representação dos relacionamentos afectivos ou profissionais que os seres exercem entre si ou entre os seus agrupamentos de interesses mútuos. Estas redes são responsáveis pela partilha de ideias entre pessoas que possuem interesses e objectivos comuns.

      As redes sociais são produtoras e efeitos da mudança e da crise de relação social. Esta mudança passa, segundo Antonio Negri, pelo aumento do trabalho imaterial. Sob a perspectiva de Richard Sennet dispúnhamos de critérios claros e partilhados para avaliar a produtividade e criatividade de cada um. Assim, a ética moderna do trabalho dava-nos a estabilidade de forma a permitir-nos a condução da mesma.

      Posteriormente, a parceria torna-se escassa, em que o outro não suscita apelo à colaboração, demonstrando um desejo de instrumentalização.

      Surge então a necessidade de começarmos a busca de coisas novas em que a satisfação imediata torna-se um lema que tem como guia o bem-estar do corpo e das sensações.

      Aparecem coisas novas e criativas em que, “ o lugar onde se produz o excedente já não é a fábrica, mas sim o conjunto de redes sociais por meio das quais essa massa de trabalhadores imateriais aprendem, colocam-se em contacto, comunicam, inventam e produzem mercadorias”. Por outro lado assiste-se a uma emergência de movimentos sociais novos e difusos”.

Susana Rodrigues nº 58279, 1ºano de Sociologia